Mistério
Mesmo com o céu nublado e cinza, eu senti que deveria ir à praia. Chegando lá, senti-me um pouco atordoado com tamanha vastidão. Olhei fixamente para o horizonte e tentei achar o ponto de união entre o céu e o mar – pois me incomoda pensar que dois infinitos jamais se tocam. É preciso ter um ponto de convergência. É como o passado e o futuro, que se tocam sutilmente no presente. Ou como a vida e a morte, que possuem em comum o último suspiro. Caminhei à beira-mar coletando conchas e pensando no quanto tudo isso é finito. A vida é finita, a matéria é finita, as relações são finitas... Talvez até o tempo e o universo sejam finitos e nós só não saibamos disso ainda por que o fim de tudo está além da nossa compreensão. Somos apenas pequenos grãos de toda essa extensão de areia. Mas e se existisse algo além do fim? E se alguém fosse capaz de superar o fim do tempo, o fim da vida, o fim da própria matéria e do universo? E se nós fossemos como conchas que permanecem inteiras mesmo quan...