Naufrágio

Eu gostava de você molhado.
Da chuva que caía lá fora
enquanto eu te esperava
ou que nos acompanhava
no longo trajeto até a estação.

Até de você úmido de suor eu costumava gostar
Eu amava abraçar você
e me sentir mergulhado em seus braços
mas agora você é seco.

Quando cai a chuva,
eu não te espero mais
pois sei que a espera será em vão

Quando você passa por mim
e não me abraça mais,
eu sinto meu peito rachar de secura.

A única coisa na qual eu afundo agora
é na minha própria solidão,
na minha própria culpa.
Nas minhas próprias lágrimas.

Quando você chegava molhado
e eu te oferecia o meu casaco,
eu estava na verdade te oferecendo parte de mim,
por que eu queria fazer parte de você
e adorava ter você como parte do que eu era.

Ah! O barulho da chuva me toca
como o gosto da sua ausência.
Um gosto amargo e seco de uma vida sem cor.
Eu me entrego, às vezes, eu até danço na chuva!
Eu queria que cada gota que cai do céu fosse um beijo teu
para que eu me sentisse naufragado
na imensidão úmida do nosso amor.

Meus lábios estão secos,
meu corpo é um deserto
e no meu peito bate uma pedra.
Ela bate por você.
Eu tenho sede de você.

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