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Mostrando postagens de novembro, 2018

Mistério

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Mesmo com o céu nublado e cinza, eu senti que deveria ir à praia. Chegando lá, senti-me um pouco atordoado com tamanha vastidão. Olhei fixamente para o horizonte e tentei achar o ponto de união entre o céu e o mar – pois me incomoda pensar que dois infinitos jamais se tocam. É preciso ter um ponto de convergência. É como o passado e o futuro, que se tocam sutilmente no presente. Ou como a vida e a morte, que possuem em comum o último suspiro. Caminhei à beira-mar coletando conchas e pensando no quanto tudo isso é finito. A vida é finita, a matéria é finita, as relações são finitas... Talvez até o tempo e o universo sejam finitos e nós só não saibamos disso ainda por que o fim de tudo está além da nossa compreensão. Somos apenas pequenos grãos de toda essa extensão de areia. Mas e se existisse algo além do fim? E se alguém fosse capaz de superar o fim do tempo, o fim da vida, o fim da própria matéria e do universo? E se nós fossemos como conchas que permanecem inteiras mesmo quan

Naufrágio

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Eu gostava de você molhado. Da chuva que caía lá fora enquanto eu te esperava ou que nos acompanhava no longo trajeto até a estação. Até de você úmido de suor eu costumava gostar Eu amava abraçar você e me sentir mergulhado em seus braços mas agora você é seco. Quando cai a chuva, eu não te espero mais pois sei que a espera será em vão Quando você passa por mim e não me abraça mais, eu sinto meu peito rachar de secura. A única coisa na qual eu afundo agora é na minha própria solidão, na minha própria culpa. Nas minhas próprias lágrimas. Quando você chegava molhado e eu te oferecia o meu casaco, eu estava na verdade te oferecendo parte de mim, por que eu queria fazer parte de você e adorava ter você como parte do que eu era. Ah! O barulho da chuva me toca como o gosto da sua ausência. Um gosto amargo e seco de uma vida sem cor. Eu me entrego, às vezes, eu até danço na chuva! Eu queria que cada gota que cai do céu fosse um beijo teu para que eu m