O Encontro de Mãos


Não era para ser nada demais
Até que aconteceu
Foi na esteira rolante
Dentro da estação do metrô

Eu caminhava distraído
De livro na mão, inspirado
Ele caminhava pesado
Cansado, o corpo curvado

Lado a lado,
Mesma direção

Sentidos opostos
Nossos caminhos paralelos
Não deviam se cruzar

Nem ele
Nem eu
Queremos falar sobre isso,
Por isso escrevo.
E transformo em algo
Aquilo que nada demais seria.

Sem mais enrolação
Vou contar o que aconteceu
Senti um toque na minha mão
E meu rosto enrubesceu

Mais do que um toque,
Houve um abraço de nossas palmas
Como se duas mãos solitárias
Cansadas de resistir sozinhas
Buscassem secretamente o alento entre si

Foram milésimos de segundos, 

Mas foram eternos
Apertei o passo, apressado
Ele ficou para trás com a mesma rapidez do ato
Não nos olhamos,
Não nos falamos
Mas aconteceu.

Eu não o tinha visto
Nem ele reparado em mim
Mas foi assim que aconteceu
Um toque de mãos
Em plena estação.

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