Folhas Secas

19 de dezembro de 2016, São Caetano do Sul -SP.
Caro amigo,
Eu gosto de estar entre folhas secas. Talvez por que me sinto como elas, às vezes. Quase sempre, para ser exato. Na verdade, acho que as folhas secas são uma representação da vida (e das coisas da vida). Hoje elas são secas, descoloridas, apáticas, tortas... Mas nem sempre foram assim. Um dia elas já foram verdes, saudáveis e bonitas... Mas o tempo veio, as desgastou e as jogou fora. Elas já estiveram no topo da árvore e hoje estão no chão. Elas já resistiram ao vento e hoje são levadas por ele.
Elas caíram sozinhas, mas é engraçado como elas se amontoam em alguns espaços. É como se o estado deplorável delas causasse empatia uma pela outra e elas se unissem como forma de se sentirem parte uma da outra de novo. Como se elas buscassem juntas uma nova sustentação.
O que também acho interessante dizer sobre elas é que elas morrem para dar lugar a outras folhas novas. É um sacrifício por renovação.
Eu já caí do meu galho. Mas sei que foi no momento certo. Deixei minha árvore e as folhas que a dividiam comigo para ser levado pelo vento até as folhas secas a que pertenço. Sei que algo novo surgirá disso, como sei que posso ir parar em um bueiro. Mas pelo menos agora eu tenho espaço para voar.
Com carinho,
Renato C. Leiva.

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